domingo, 24 de fevereiro de 2013

Alex Medaway has left the building now the number six website in the world

Alexa.org shows an amazing spike in the number of hits at Alexmedawayhasleftthebuilding.blogspot in the month of February. The website reached 350 million unique users over only the past 23 days, for a whopping 1,75 billion percent increase - arguably making it the most popular thing ever. 

But not all is roses. Forbes points out the website still struggles trying to keep users engaged for more than four seconds (supposedly the time it takes for them to realize their cat typed the name of the website upon jumping on the keyboard). 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O pior de todos os erros de português

Lembro-me de um trabalho de grupo na faculdade, numa aula de rádio. Gravei uma entrevista com meu chefe, e a dei para um colega transcrever. O colega transcreveu da seguinte forma:

"Estou fazendu um trabalhu de acordu [...]."

Pois é. Deu-me vontade de socar-lhe a cara. Não foi nada grave pra efeito da nossa nota, mas tirou-me boa parte da minha alegria de viver. Ele justificou a grafia bizarra dizendo que estava tentando capturar o jeito como as pessoas falam de fato. Nossa. Na mesma linha, eu tenho vários amigos em comum no Facebook com um sujeito que se chama Pedrinhu. E não é raro ler em cantos informais da internet a pérola, "tamu junto". 

E é isso. Todo esse povo escreve destarte tentando corrigir a grafia imperfeita do português, dando-lhe o presente duma melhor representação dos fonemas enunciados pelos falantes. No processo, não só conseguem escrever incorretamente palavras que sabem escrever, mas também, incrivelmente, logram o oposto do efeito desejado. Isto é, eles afastam a grafia da pronúncia pretendida. Um desastre. 

Tonicidade

Sílabas são tônicas ou átonas, assim como notas musicais. A maioria das palavras portuguesas são paroxítonas. É a tonicidade mais natural para as palavras, em quase todas as línguas. Com efeito, uma palavra portuguesa (de mais de uma sílaba) é paroxítona até que se prove o contrário. Podemos até dizer que palavras oxítonas e proparoxítonas são aberrações. Inclusive, toda palavra proparoxítona em português tem um acento na antepenúltima sílaba para marcar claramente onde está a acentuação para o leitor, que de outra forma teria a tendência a enfatizar a penúltima. (E não, performance não é uma palavra em português; se você acha que é, desafio-o a encontrar outra proparoxítona sem acento. Use "desempenho", uma tradução perfeita.)

A outra aberração são as oxítonas, que também podem ser marcadas por acento (até), mas ainda por um segundo método. Qual seja? O simples método de haver uma vogal (ou ditongo ou tritongo) na última sílaba que puxe a acentuação. 

Estas vogais são duas, "i" e "u". 

Basta olhar as palavras "baiacu", "jabuti", "pururu", "Parati", para ver que todas elas são oxítonas sem necessidade do acento.

Em contraste, as oxítonas terminadas em "a", "e" e "o" necessitam  de acento. Picolé, judô, fubá. 

Palavras terminadas com estas três letras, mas sem acento, são naturalmente paroxítonas. Caixote, tudo, onda. 

Portanto, se você está acompanhando, já deve ter reparado o primeiro problema de escrever "Pedrinhu", que é a força da última letra, que transforma a palavra numa oxítona. Ou seja, uma completa aberração. Na tentativa de consertar um defeito inexistente, o sujeito consegue trocar a sílaba tônica de "Pedrinho".

O segundo problema do raciocínio é o seguinte. Não existe a suposta disparidade entre a grafia e a pronúncia de "Pedrinho". O que existe são pronúncias diferentes para a mesma letra, dependendo da tonicidade, e já previstas na língua.

Letra e

som tônico: ê
som átono: i

Letra o:

som tônico: ô
som átono: u


O som de u pronunciado ao fim de "Pedrinho" nada mais é do que a pronúncia prevista para a letra "o" numa última sílaba átona. Em "parede", encontramos as pronúncias tônica e átona da letra "e" em sucessão. Não significa que precisemos trocar o segundo "e" por "i" - afinal, isto mudaria a sílaba tônica da palavra. 

Isto pode parecer bem específico, mas na verdade está em todo lugar. A grafia "viado" vem da incapacidade de associar a letra "e" ao seu som átono. Até uma pessoa muito inteligente já tentou corrigir a minha pronúncia do nome do montanhoso Peru, argumentando que eu estava dizendo "piru", como se existisse a palavra "piru". Não. O que há é a letra "e" em fórma átona. Concordo que, sendo falantes de espanhol, os peruanos dizem o nome de seu país diferentemente. Mas é impossível considerar errada a pronúncia de um brasileiro que, em português, fala seguindo as regras da língua portuguesa. Acredite, eles dizem "Brasil" segundo as regras do espanhol. 

Termino dizendo que existe um jeito de representar corretamente a pronúncia de "Pedrinho" usando um "u": "Pedrínhu", com acento. Com o acento, nós conseguimos trazer de volta para a segunda sílaba a acentuação roubada pela letra forte no fim (como em "biquíni"), de modo que o "u" no fim fica átono e confundível com o som do "o" átono. Mas, é claro, escrever "Pedrínhu" significa reconhecer o fracasso da tentativa de melhorar o português, então o melhor, mesmo, é escrever que nem gente. 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Marchinha racista

Acabei de me tocar de que a música do Lamartine Babo diz:

O teu cabelo não nega, mulata,
Porque és mulata na cor,
Mas como a cor não pega, mulata,
Mulata, eu quero o teu amor.

Não sei nem o que dizer disto, exceto que ele está tratando a cor da pele da mulata como uma doença, felizmente não-contagiosa. Isto mal dá pra dizer que é interpretação minha, pois o uso da palavra "pega" é opção consciente do compositor, é o mesmo pegar de "peguei uma gripe", ou, talvez mais no tom da filosofia de Lamartine, "peguei a peste negra". 

De fato, a metáfora é tão clara, que podemos simplesmente tratar a mulatice aqui como o câncer - uma mutação genética, e portanto não-contagiosa, exceto por descendência -, e temos:

A tua careca não nega, enferma,
Pois com químio você se tratou,
Mas como o câncer não pega, enferma,

Enferma, eu quero o seu amor. 

Então Lamartine está feliz, pois acabou de conhecer no carnaval uma moça vítima dum tipo de câncer (pele não-branca). Isto é motivo de felicidade, porque o câncer é passado de pai para filho, mas não entre gente que se conhece no carnaval e dá mole. Ou seja, a mulatice é mais como o câncer do que como a Aids, e por isto o compositor é grato.