O teu cabelo não nega, mulata,
Porque és mulata na cor,
Mas como a cor não pega, mulata,
Mulata, eu quero o teu amor.
Porque és mulata na cor,
Mas como a cor não pega, mulata,
Mulata, eu quero o teu amor.
Não sei nem o que dizer disto, exceto que ele está tratando a cor da pele da mulata como uma doença, felizmente não-contagiosa. Isto mal dá pra dizer que é interpretação minha, pois o uso da palavra "pega" é opção consciente do compositor, é o mesmo pegar de "peguei uma gripe", ou, talvez mais no tom da filosofia de Lamartine, "peguei a peste negra".
De fato, a metáfora é tão clara, que podemos simplesmente tratar a mulatice aqui como o câncer - uma mutação genética, e portanto não-contagiosa, exceto por descendência -, e temos:
Pois com químio você se tratou,
Mas como o câncer não pega, enferma,
Enferma, eu quero o seu amor.
Então Lamartine está feliz, pois acabou de conhecer no carnaval uma moça vítima dum tipo de câncer (pele não-branca). Isto é motivo de felicidade, porque o câncer é passado de pai para filho, mas não entre gente que se conhece no carnaval e dá mole. Ou seja, a mulatice é mais como o câncer do que como a Aids, e por isto o compositor é grato.
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